Volver (português)
Publicado: Dom, 29 Sep 2013 19:17
Amigos, siguiendo algunas sugestiones, comparto un poema en portugués.
[Volver]
Voltar.
Volver.
Girar calcanhares, calcanhares de Aquiles,
E olhar... olhar que rasga; olhar adentro, pela janelinha de vidros embaçados,
Janelinhas de cristais opacos, que cortam os olhos de miradas ligeiras.
Voltar e ver, interiormente, aquilo que não se quer mostrar, que se quer sufocar,
Aquela fisgada que incomoda, faz rodar o pensamento, tremer a mente, redobrar cuidados,
Recobrar nos cantos, dobrados, em pensamentos sinestésicos, a confusão nublada que evapora em música.
Dó, só, sol, mi... Lá, aqui, cá, si... Vi, ti, senti, vivi... Ali, volvi, voltei, reli... Sangrei, pedi, salguei, escrevi:
Sublevei.
A batida fustigando os ares preto-e-brancos, ares clássicos, ares ácidos,
Chuva corrosiva que não lava, mas encarde, arde, tarde, crepúsculo de cinzas,
Sol tapado com a peneira, Cristo-de-madeira, joelhos arcados, paixão-patologia, vigia.
Rimas breves, desespero, ritmo, íntimo, ondas de ressaca, massacra o papel, cai o céu
E a noite não dissipa, irrita, agita, crucifica, encurta o verso, desvira o inverso, do avesso,
Tropeço e vice-versa, luta submersa, volta ao início, outra vírgula, outro ponto, flecha,
Queda, calcanhar de Aquiles, torce o torso, retorce o rosto, volve o corpo ao poente,
O sol renasce no oriente, quente, sobrevivente, resiliente, que gira e desdobra
Nos cantos dobrados, esquinas da psique, fechando a caixa, recobrindo com a máscara,
E insiste, resiste, persiste, assiste, pois – sem escolha – ainda existe.
[Vitor Hugo Reina Neia]
[Volver]
Voltar.
Volver.
Girar calcanhares, calcanhares de Aquiles,
E olhar... olhar que rasga; olhar adentro, pela janelinha de vidros embaçados,
Janelinhas de cristais opacos, que cortam os olhos de miradas ligeiras.
Voltar e ver, interiormente, aquilo que não se quer mostrar, que se quer sufocar,
Aquela fisgada que incomoda, faz rodar o pensamento, tremer a mente, redobrar cuidados,
Recobrar nos cantos, dobrados, em pensamentos sinestésicos, a confusão nublada que evapora em música.
Dó, só, sol, mi... Lá, aqui, cá, si... Vi, ti, senti, vivi... Ali, volvi, voltei, reli... Sangrei, pedi, salguei, escrevi:
Sublevei.
A batida fustigando os ares preto-e-brancos, ares clássicos, ares ácidos,
Chuva corrosiva que não lava, mas encarde, arde, tarde, crepúsculo de cinzas,
Sol tapado com a peneira, Cristo-de-madeira, joelhos arcados, paixão-patologia, vigia.
Rimas breves, desespero, ritmo, íntimo, ondas de ressaca, massacra o papel, cai o céu
E a noite não dissipa, irrita, agita, crucifica, encurta o verso, desvira o inverso, do avesso,
Tropeço e vice-versa, luta submersa, volta ao início, outra vírgula, outro ponto, flecha,
Queda, calcanhar de Aquiles, torce o torso, retorce o rosto, volve o corpo ao poente,
O sol renasce no oriente, quente, sobrevivente, resiliente, que gira e desdobra
Nos cantos dobrados, esquinas da psique, fechando a caixa, recobrindo com a máscara,
E insiste, resiste, persiste, assiste, pois – sem escolha – ainda existe.
[Vitor Hugo Reina Neia]