

....As imagens não foram esquecidas,
Estão impressas nas curvas da noite.
Mas foi na aurora que atingi meu próprio rastro.
Escondida nas cavernas dos abismos,
Buscando palavras no meu alforje
Encontrei as pegadas das estórias.
A luz do sol me guiou,
Quando sai do meio do nada.
Andei nos desertos do empirismo,
Sentindo o sensorial das máximas.
Os beijos eram bandeiras da sabedoria,
Fizeram-me cavalgar nas terras dos mestres.
Na direção dos silêncios fiz escavações,
Tal qual uma idealista na vida, vendo amanhãs..
Não viajei para ser vista...
Fiquei vestida de areias,
A reencontrar um brilho nas estrelas.
Não quero renascer em oásis,
Para sentir a convicção da escrita.
Quero estar na minha abadia, reclusa de tudo,
Vagando nas selas das sílabas eremitas...
Deixando impressa nas paredes e nos jardins
O meu ser sentindo o corpo da essência humana,
Entregando-me no silencio da noite, no amor ao verbo,
Numa linha única de um verso a tingir-me de saudade...
Marli Franco
